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Gaslighting, o que é e como identificar esse tipo de manipulação psicológica

8 de set de 2022

Entenda como essa violência mina a sanidade mental da vítima

Um relacionamento afetivo, infelizmente, pode ser composto de abusos e violências psicológicas. E, ao contrário do que pode parecer, nem sempre eles são fáceis de identificar. Você já ouviu falar em gaslighting?

 

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O que é gaslighting?

Você pode até achar que não sabe o que é essa manipulação chamada gaslighting, mas ao longo deste texto talvez identifique situações que já vivenciou ou que já viu alguém perto de você passar. 

 

O termo gaslighting teve origem no filme "Gaslight", de 1944, em que um marido, em busca do divórcio, cria uma estratégia para fazer com que a parceira se sinta louca. Para isso, ele escurecia e iluminava as luzes de gás e, quando ela percebia essas mudanças, ele insistia que tudo era fruto de sua imaginação. 

 

No gaslighting o/a parceiro/a manipula e cria mentiras que geram insegurança na outra pessoa e, pouco a pouco, esse movimento acaba completamente com a autoconfiança da vítima, o que a mantém, cada vez mais, presa nessa relação tóxica. 

 

Em casos extremos, a vítima desse abuso pode, até mesmo, chegar a duvidar da sua sanidade mental. Um caso clássico é quando alguém suspeita de traição e o outro nega afirmando que a pessoa está louca, inventando coisas, e sendo dramática. 

 

Só homens cometem gaslighting?

É claro que mulheres também podem ser abusivas em suas relações, mas a violência masculina é mais presente na sociedade, como mostra o estudo citado logo abaixo. Isso é fruto do modelo social do patriarcado, que faz com que homens achem que estão em posição de poder sobre a mulher. 

 

Segundo o estudo "The Sociology of gaslighting", esse tipo de manipulação “é eficaz quando está enraizada nas desigualdades sociais, especialmente de gênero e sexualidade, e executada em poder de relacionamentos íntimos”. 

 

O artigo explica, ainda, que o gaslighting funciona quando implantado em relações íntimas desiguais de poder, especialmente porque, comumente, as mulheres não têm o capital cultural, econômico e político necessário para fazer gaslighting com os homens, o que faz com que essa acabe sendo uma questão de gênero.

 

Dados de pesquisas recentes, citados nesse estudo, sugerem que o gaslighting é comum em situações de violência doméstica, impedindo que as vítimas acessem recursos que as ajudariam a escapar do abuso.

 

Como identificar o gaslighting

Ao contrário de uma violência física, é muito complicado identificar o gaslighting, porque ele começa de forma sutil. À medida que o abusador sente confiança, ele vai aumentando a frequência e intensidade dos seus ataques. Algumas frases comuns do gaslighting são:  

 

·       “Você está louca”;

·       “Você está imaginando coisas”;

·       “Você faz drama com tudo”;

·       “O seu problema é que…”;

·       “Não sei do que você está falando”;

·       “Você é muito insegura”;

·       “Só estou brincando...”;

·       “A culpa é sua”; 

·       “Você é sensível demais”;

·       “Você entende tudo errado”.

 

E por aí vai...

 

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É muito importante que as pessoas ao redor da vítima percebam esses padrões e alertem a vítima, mesmo que ela esteja tão envolvida a ponto de não aceitar em um primeiro momento. Pode demorar mesmo para ela perceber e, então, pedir ajuda psicológica para tentar sair dessa “prisão”. Mas se você perceber que uma amiga está passando por isso, não desista dela. Lembre-se de que essa é uma situação que adoece.

 

Até agora, falamos sobre a violência em relacionamentos afetivos. Mas é importante destacar que o gaslighting também pode acontecer em outros tipos de relações, como entre amigos, colegas e chefes de trabalho, pais e filhos, entre outras. 

 

Quanto mais segura de si uma pessoa for, menos esses violentadores conseguirão manipulá-la. Fazer terapia é algo que pode ajudar muito nesse sentido. É um processo que apoia no reconhecimento das tuas qualidades e a confiar na sua intuição, em você mesma.

 

Se você sentir que passou por uma situação inadequada, que não te agradou, não hesite em falar com a pessoa. Aconselhe-se, também, com pessoas próximas que possam te ajudar a entender que o problema não está em você. 

 

A gente já publicou aqui em Kira um artigo sobre mansplaning. Vem entender melhor essa expressão também 😉

 

Tati Barros

Jornalista mineira, com mais de dez anos de experiência. É criadora e apresentadora do podcast Solteira Profissional, que aborda o universo de relacionamentos e sexualidade. Produz conteúdos para diversos veículos e formatos, com foco, especialmente, nas editorias de saúde, bem-estar e comportamento. Tem um grande interesse em pautas feministas e sempre está envolvida com essa temática.


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